Racismo contra Vini Jr: Fifa vai notificar La Liga e cobrar protocolo por punições

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A direção da Fifa pretende enviar uma notificação à La Liga questionando por que o protocolo contra racismo elaborado pela federação internacional não tem sido usado integralmente em casos de atos racistas no Campeonato Espanhol.

O brasileiro Vinícius Junior, do Real Madrid, tem sido vítima constante de racismo em jogos da competição, fato que se repetiu neste domingo (21), em Valencia.

Itatiaia apurou que a avaliação do presidente da Fifa, Gianni Infantino, é que a tolerância aos casos sofridos por Vini Jr. chegou ao limite.

A notificação, na análise da cúpula da entidade mundial, é uma maneira de pressionar a La Liga a exigir dos árbitros a utilização por completo do protocolo de três passos, criado em 2017, em casos de cantos racistas de torcedores:

  • O jogo é paralisado e avisos nos telões e alto-falantes pedem para a torcida parar com as ofensas;
  • A partida para novamente, mas por mais tempo e os jogadores descem aos vestiários — novos avisos são dados;
  • Caso não cessem os insultos racistas, xenófobos ou homofóbicos, o terceiro passo é encerrar definitivamente o confronto, independentemente do tempo que falta para acabar.

A avaliação na Fifa é que o que ocorre nos jogos do Real Madrid com Vini Jr. é grave e já deveria ter levado algum jogo a chegar ao passo três, ou seja, ser suspenso definitivamente. Isso facilitaria consequências punitivas ao clube mandante ou responsável pelos torcedores racistas — o que tem acontecido é que o procedimento nunca avança do passo um.

Segundo o Código de Disciplina da Fifa, uma primeira punição por atos racistas de torcedores rende ao clube jogar certo número de partidas (a definir) com portões fechados e uma multa de 20 mil fracos suíços (R$ 110 mil).

Na reincidência, a condenação pode levar a punições mais duras, como perda de pontos, eliminação de campeonato ou rebaixamento. As multas também sobem e podem passar de R$ 1 milhão.

Mas caso o protocolo de três passos seja usado integralmente, e o jogo seja suspenso, a perda de pontos daquele confronto já pode ser aplicada em um primeiro momento.

Um dos argumentos da direção da La Liga é de que as Leis espanholas não permitem a ela punir aos clubes com torcedores flagrados em atos racistas, e que a entidade só pode notificar os casos às autoridades.

A partir daí são essas autoridades que continuam ou não com a investigação e aí sim multam, suspendem ou aplicam penas até mais duras.

Se utilizado o protocolo que pode suspender jogos, a La Liga seria obrigada a exigir processos mais rápidos e punitivos das autoridades, já que algo terá que ser feito para resolver o caso de uma partida de futebol que não terminou por causa de insultos racistas.

A notificação será uma pressão interna, mas também haverá pressões externas. Nesta segunda-feira (22), Infantino divulgou nota oficial em que cita o protocolo antirracismo, o dos três passos.

Itatiaia apurou que citar o tema é jogar luz ao fato que a La Liga não a tem utilizado como deveria.

Leia na íntegra o pronunciamento de Infantino:

Total solidariedade a Vinicius. Não há lugar para racismo no futebol ou na sociedade e a FIFA apoia todos os jogadores que se encontram em tal situação. Os acontecimentos durante a partida entre Valencia e Real Madrid mostram que assim deve ser.

É por isso que o processo de três passos existe nas competições da FIFA e é recomendado em todos os níveis do futebol. Primeiro, você para a partida, você a anuncia para pararem os ataques.

Em segundo lugar, os jogadores saem do campo e o alto-falante anuncia que, se os ataques continuarem, a partida será suspensa. A partida recomeça e, em terceiro lugar, se os ataques continuarem, a partida será interrompida e os três pontos irão para o adversário. Estas são as regras que devem ser implementadas em todos os países e em todas as ligas.

Claramente, é mais fácil falar do que fazer, mas precisamos fazer isso e precisamos apoiá-lo por meio da educação.

Vinícius é atacado e expulso contra o Valência

O Real Madrid foi derrotado pelo Valencia neste domingo (21), por 1 a 0. A partida foi paralisada aos 27 minutos da segunda etapa, quando Vinicius Junior começou a discutir com torcedores enquanto outros jogadores tentavam acalmar o brasileiro.

Foi possível ouvir os gritos de “Mono” (macaco, em espanhol) por parte da torcida do Valencia. O árbitro conversou com oficiais da organização da partida e o jogo foi interrompido.

O sistema de som do estádio anunciou a paralisação do duelo devido ao comportamento dos fãs do Valencia e pediu que a torcida desse fim às “manifestações racistas”.

Houve um novo aviso até que, depois de cerca de oito minutos, a partida foi retomada, com Vini Jr em campo. Esse é o primeiro dos três passos exigidos pela Fifa no protocolo antirracismo, mas, como sempre, parou por aí.

A partir das repetidas demonstrações racistas, o jogo ficou nervoso. Vini Junior foi provocado pelo goleiro Mamardashvili, que foi punido com o cartão amarelo. Os jogadores trocaram empurrões no campo.

No fim do confronto, porém, o brasileiro, revoltado e desestabilizado pelos rivais, foi expulso depois de se desentender com o atacante Hugo Duro, em quem acertou o braço. Ele levou amarelo, mas após revisão do lance pelo VAR, foi expulso nos acréscimos.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Racismo contra Vini Jr: Fifa vai notificar La Liga e cobrar protocolo por punições no site CNN Brasil.

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