Sem protocolo e registro de flagrantes, Metrô de SP aprova testes e decide manter detectores de metais

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Equipamentos comprados em 2004 custaram mais de R$ 50 mil e estavam em depósito da Companhia. Casos de violência se repetem até mesmo dentro dos trens. G1 testou detectores de metal colocados em estações de Metrô de SP
O Metrô de São Paulo decidiu tornar permanente o uso de detectores de metais em estações como medida para combater uma onda de violência registrada desde o ano passado.
Os equipamentos entraram em período de testes em setembro de 2022, de forma itinerante, em diferentes estações.
Em nota, a Companhia informou que a medida “vem sendo feito em datas e locais aleatórios, além de situações de eventos que demandam estratégias de segurança customizadas”.
O Metrô não quis passar mais detalhes, nem os resultados dos testes, alegando ser “uma ação estratégica de segurança”.
Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a reportagem da TV Globo obteve o balanço dos testes. Não foram registradas ocorrências de Segurança Pública nas estações durante o período. Em nenhum caso, o item detectado pelo equipamento foi uma arma ou algum objeto que colocasse em risco a segurança dos passageiros.
Enquanto isso, os casos de violência continuam no sistema. No último domingo (21), um homem foi preso após esfaquear um passageiro na estação Tatuapé, da Linha 3-Vermelha, durante uma discussão.
Uma mulher, que pediu para não ser identificada, foi roubada no começo de maio na estação Camilo Haddad, da Linha 15-Prata. Ela ia encontrar com o pai no acesso da estação, quando foi abordada pelo criminoso que estava com um revólver.
“Assim que terminei a escada rolante, dentro da estação ainda, um cara chegou me abordando. Ele levantou a camiseta, estava com um revólver na cintura e anunciou o assalto”, contou. “A funcionária do Metrô não deixou meu pai passar a catraca. Ela falou que não podia fazer nada, que o assalto tinha sido fora do Metrô, sendo que na verdade tinha sido dentro da estação”.
Em março, outro roubo com arma de fogo aconteceu na Linha 1-Azul. O criminoso abordou as vítimas dentro do trem. Um homem, que também pediu para não ser identificado, contou que o crime aconteceu entre as estações Tucuruvi e Parada Inglesa, mas só encontrou um segurança para informar sobre o ocorrido na Luz, sete estações depois.
“Ainda estava no trajeto da estação Tucuruvi para a Parada inglesa, eu olho e tem um rapaz apontando uma arma para um passageiro. Passei a assistir a cena, só esperando o momento que a pessoa que estava fazendo esse roubo ia pedir meu celular. Outras pessoas no vagão demonstraram um tipo de susto, né. Na estação Parada Inglesa, ele saiu meio que apontando a arma pra todo mundo pra conseguir fazer a fuga. Isso era um sábado, 17 horas”, relatou.
Fase de testes
Em outubro do ano passado, o g1 foi a duas estações portando objetos de metal para testar os equipamentos e, em nenhum dos casos, teve problemas para passar pelas catracas, mesmo após eles emitirem sinais sonoros de alerta.
Na estação São Judas, da Linha 1-Azul, os equipamentos até sinalizaram a presença de metais, mas em nenhum momento houve abordagem dos agentes do Metrô. A reportagem também passou pelo local com latas, guarda-chuvas, talheres de marmita, incluindo faca sem serra nem ponta, e outros objetos.
Na estação Belém, da Linha 3-Vermelha, apesar de as pessoas passarem pelo detector, ele não apontava a presença de metais. O g1 também passou pelo equipamento com os mesmos objetos utilizados na estação São Judas e não houve nenhum sinal sonoro.
Questionado sobre valores, o Metrô informou que os equipamentos são da Companhia e fazem parte do patrimônio da empresa. Via LAI, o Metrô informou que os 35 detectores portáteis foram adquiridos em julho de 2004, por um total de R$ 4.679,60. Já os 29 Portais foram comprados em agosto de 2008, a um custo total de R$ 50.580,00, ambos com uso de recursos próprios.
Depois de testes realizados na época da aquisição, os detectores ficaram armazenados em depósitos do Metrô, até serem colocados para uso no último ano.
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