Oposição conquista vitória histórica nas legislativas de Botsuana

Autoridades eleitorais preparam cédulas para verificação em uma seção eleitoral em Gaborone, em 31 de outubro de 2024, em BotsuanaMonirul BHUIYAN

Monirul Bhuiyan

O principal partido da oposição em Botsuana conquistou maioria absoluta nas eleições legislativas e impôs uma derrota à formação que está no poder desde a independência do país, há quase 60 anos.

A coalizão de esquerda Umbrella for Democratic Change (UDC) conquistou pelo menos 31 dos 61 assentos da câmara, anunciou, nesta sexta-feira (1º), a comissão eleitoral, dois dias após a votação.

Assim, a UDC poderá escolher como presidente seu candidato, Duma Boko, um advogado de direitos humanos de 54 anos, opositor veterano e formado em Harvard.

“A mudança está aqui”, declarou Boko no Facebook, ao se tornar evidente a vitória de seu partido, celebrada nas ruas por simpatizantes da UDC que usavam camisetas com sua imagem.

O presidente em fim de mandato, Mokgweetsi Masisi, confirmou a rara estabilidade da democracia de Botsuana ao reconhecer sua derrota na manhã de sexta-feira.

“Quero parabenizar a oposição pela sua vitória”, declarou o chefe de Estado à imprensa.

“Erramos em tudo aos olhos do povo”, admitiu diante do desastre eleitoral de sua formação, o Partido Democrático de Botsuana (BDP), afetado por acusações de corrupção e uma economia em dificuldades.

O BDP, que governa a ex-colônia britânica desde 1966, será, no melhor dos casos, a terceira bancada da câmara, dependendo das circunscrições que ainda precisam ser apuradas.

Masisi afirmou que trabalharia para “facilitar a transição”.

“Estamos muito felizes em dar um passo para o lado e nos tornarmos uma oposição leal que responsabilize o governo”, acrescentou o mandatário, de 63 anos.

A economia de Botsuana, um país majoritariamente desértico conhecido por sua enorme população de elefantes, é baseada principalmente em diamantes, que competem cada vez mais com pedras sintéticas.

Mais de um milhão de pessoas foram convocadas às urnas na quarta-feira, em uma população de 2,6 milhões neste país classificado entre os mais desiguais do mundo.

Uma das principais preocupações dos eleitores foi o aumento do desemprego (27%), especialmente entre os jovens (38%).

O discurso de Boko, conhecido por sua determinação e seriedade, repercutiu entre os jovens, que ecoam seus apelos por uma mudança que ofereça oportunidades de trabalho e resolva a grande desigualdade entre ricos e pobres.

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