Malan faz advertência sobre alta da inflação e cita Trump: “Quem for leniente, será penalizado nas urnas”

O ex-ministro da Fazenda Pedro Malan disse que a derrota do partido Democrata nas eleições norte-americanas é resultado da falta de uma política de controle inflacionário eficiente durante a gestão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Para o idealizador do Plano Real, o presidente estadunidense foi penalizado pela população norte-americana que considerou que o custo de vida ficou mais caro nos últimos anos.

Pedro Malan participou nesta quinta-feira (7) do evento do MoveInfra “30 anos da Lei das Concessões: avanços e perspectivas”, em Brasília.

“A inflação subiu muito na gestão Biden por conta da covid-19 e da cadeia suprimento, mas agora está abaixando, está convergindo com a meta, mas a sensação do americano médio é de que a inflação aumentou e que ele está pagando nos produtos básicos mais do que ele pagava antes da covid-19. Eles atribuem isso ao movimento Biden, que não resolveu esse assunto”, disse Malan.

Em setembro, a inflação dos Estados Unidos desacelerou, atingindo 2,4%, chegando a um ritmo semelhante ao observado em 2017 e 2018. Apesar do cenário, os preços permaneceram altos, de acordo com o último relatório do Bureau of Labor Statistics.

Malan também comparou o cenário norte-americano com o contexto do Brasil. De acordo com o ex-ministro da Fazenda, o eleitorado brasileiro percebeu que a preservação da inflação baixa é responsabilidade de qualquer governo, independente da sua posição ideológica.

“Qualquer governante que tenha atitude excessivamente leniente com relação à inflação será penalizado nas urnas, como exemplo nos Estados Unidos, com penalização do Biden pelo americano médio, que votou no [Donald] Trump porque achava que eles estavam melhor no quesito inflação, carestia e custo de vida no governo Trump do que no governo Biden”, afirmou.

Os economistas do mercado financeiro elevaram as estimativas da inflação do Brasil de 4,55% para 4,59%, segundo o Boletim Focus divulgado na última segunda-feira (4). A projeção está acima da meta de inflação para este ano, que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja até 4,5%.

O Banco Central já admite o descumprimento da meta de inflação em 2024. No rodapé do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado na última quarta-feira (6), estão as projeções de referência para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e a estimativa subiu para 4,6% em 2024.

Caso a meta seja descumprida, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, assumirá o cargo no início de 2025 tendo que enviar uma carta ao Congresso Nacional explicando os motivos que levaram ao não cumprimento do objetivo fiscal durante o último ano da gestão de Roberto Campos Neto.

Diante desse cenário, a equipe econômica tem realizado reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com outros integrantes do governo para debater um pacote de cortes de gastos. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, há dois “detalhes” pendentes que devem ser definidos nesta quinta-feira (7).

Este conteúdo foi originalmente publicado em Malan faz advertência sobre alta da inflação e cita Trump: “Quem for leniente, será penalizado nas urnas” no site CNN Brasil.

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