Suspeita de envenenar bolo que causou a morte de três pessoas visitou sogra no hospital, segundo depoimento


No local, Deise Moura dos Anjos teria perguntado à sogra sobre uso de uvas passas e frutas cristalizadas no preparo do doce. Mulher é investigada por triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Deise Moura dos Anjos e Zeli dos Anjos em 2021
Reprodução/ Rede Social
A suspeita de colocar arsênio em um dos ingredientes usados para fazer o bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família em Torres, no Litoral Norte do RS, afirmou em depoimento à Polícia Civil que foi ao hospital visitar a sogra, uma das vítimas que sobreviveram. Deise Moura dos Anjos está presa temporariamente e é investigada por triplo homicídio e por três tentativas de homicídio.
O g1 teve acesso ao depoimento, obtido pelos repórteres Adriana Irion e Humberto Trezzi, do jornal Zero Hora.
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A visita de Deise a Zeli dos Anjos teria ocorrido no dia 26 de dezembro, de acordo com os registros. Na ocasião, ela teria perguntado à sogra sobre o uso de uvas passas e frutas cristalizadas no bolo consumido pela família.
A suspeita relatou aos investigadores que os alimentos estavam armazenados de maneira inadequada na geladeira da sogra e poderiam ter sido reutilizados na preparação do doce.
“Que a interrogada tem essa certeza porque perguntou a Zeli ontem, dia 26/12/2024, no hospital de Torres, se ela usou a uva passa e as frutas cristalizadas”, diz trecho do depoimento.
De acordo com apuração da RBS TV, familiares disseram que Deise levou água, suco e chocolate ao hospital para a visita. Os lacres das bebidas estavam rompidos, segundo a pessoa que acompanhava Zeli.
Deise nega qualquer responsabilidade sobre as mortes. Em nota, a defesa alegou que as prisões temporárias “possuem caráter investigativo” e que “ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso”.
IGP detalha análises que identificaram arsênio no bolo
Outros trechos do depoimento
Deise relatou à polícia que teve uma série de desavenças com a sogra, por questões financeiras e outros episódios ocorridos entre elas. A primeira delas teria ocorrido em 2004.
Inclusive, ela disse aos policiais que chamava a sogra de “Naja”. Porém, afirma que jamais desejou a morte da sogra e de ninguém da família. Sobre Paulo, marido de Zeli que morreu no dia 3 setembro, ela afirmou que tinha um bom relacionamento.
Após o falecimento de Paulo, a suspeita afirma ter pesquisado no telefone sobre venenos fatais para seres humanos, pois pairavam dúvidas sobre o que poderia ter causado o óbito. Paulo faleceu após uma intoxicação alimentar e a polícia investiga se Deise tem relação com esta morte.
Depois dos três falecimentos ocorridos no Natal, ela também teria pesquisado sobre reagente químico fatal. Segundo Deise, um médico teria dito que o consumo do reagente poderia ter causado a morte das vítimas.
Depoimentos trazem detalhes sobre mortes por envenenamento em Torres
Quem é a suspeita?
Deise é casada com o filho de Zeli há cerca de 20 anos, de acordo com familiares. Eles moram em Nova Santa Rita, na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Em seu perfil profissional na internet, Deise afirma ser especializada em contabilidade, com experiência em escritório contábil, empresas do ramo imobiliário, logístico e hospitalar.
Na segunda-feira (6), a suspeita chegou a passar por uma audiência de custódia, e a Justiça decidiu que ela permanecerá presa por 30 dias. Deise está recolhida no Presídio Estadual Feminino de Torres.
Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar bolo que matou três pessoas no RS
Reprodução/Redes sociais
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. Zeli dos Anjos, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada.
Segundo o delegado Marcos Vinícius Veloso, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela. A fonte da contaminação por arsênio foi a farinha usada para fazer o alimento consumido pelas vítimas, conforme o IGP.
Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada “choque pós-intoxicação alimentar”.
Vítimas do caso do bolo em Torres
Reprodução/RBS TV
Nota da defesa da suspeita
O escritório Cassyus Pontes Advocacia representa a defesa de Deise Moura dos Anjos no inquérito em andamento sobre o fato do Bolo, na Comarca de Torres, tendo sido decretada no domingo a prisão temporária da investigada.
Todavia, até o momento, mesmo com o pedido da Defesa deferido pelo judiciário, ainda não houve o acesso ao inquérito judicial.
A família, desde o início, colabora da investigação, inclusive o com depoimento de Deise em delegacia, anterior ao decreto prisional.
Cumpre salientar, que as prisões temporárias possuem caráter investigativo, de coleta de provas, logo ainda restam diversos questionamentos e respostas em aberto neste caso, os quais não foram definidos ou esclarecidos no inquérito.
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