Universalização do saneamento básico economizaria R$ 50 mi por ano da Saúde

Em 2024, o Brasil registrou 344,4 mil internações relacionadas a doenças ligadas à falta de acesso à água potável e coleta e tratamento de esgoto, as Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI).

A universalização do saneamento básico deve reduzir as internações em quase 70% após três anos — uma economia de R$ 49,928 milhões por ano no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o estudo do Instituto Trata Brasil, em parceria com a EX Ante Consultoria, publicado nesta quarta-feira (19).

O estudo ainda projeta que, a longo prazo, a economia nas despesas hospitalares seria de R$ 1,255 bilhão.

 

No ano passado, as doenças transmitidas por insetos representaram quase metade das internações, cerca de 169 mil no ano. Quase a totalidade deste número (164,5 mil), foi devido ao vírus da dengue.

A outra metade é referente a doenças de transmissão feco-oral, como diarreia e hepatite A, com 47,6%, ou 163,8 mil casos. No Nordeste brasileiro, 77% das internações foram por doenças de transmissão feco-oral.

Entre os estados, Maranhão (93%), Ceará (84,1%) e Rio Grande do Norte (83,2%) apresentaram as maiores porcentagens. No Norte, as doenças feco-orais também prevaleceram sobre as transmitidas por insetos. No caso do Pará, a taxa de incidência de internações é o maior índice na região: 18,2 casos a cada dez mil habitantes.

O estudo mostra que esse grupo de doenças foi o que mais teve redução de desde 2008, com 6,8% ao ano.

Mortes por doenças ligadas à falta de saneamento básico

A falta de saneamento básico levou à morte 11.544 pessoas, em 2023, de acordo com a pesquisa. As doenças de transmissão feco-oral representaram quase metade dos óbitos com 49,1%, ou 5.673 casos.

Em quase todos os estados do país, foram observadas cidades com aumentos das taxas de mortalidade por DRSAI entre 2008 e 2023. Das 5.570 cidades brasileiras, apenas 1.031 tiveram redução da taxa de mortalidade, 2.791 ficaram estagnadas e 1.748 municípios apresentaram aumento das taxas de mortalidade.

Crianças e idosos são mais afetados

No ano passado, o país registrou 70 mil internações entre as crianças de 0 a 4 anos de idade — 20% do total de internações por essas doenças.

Em 2023, foram contabilizados 601 óbitos por DRSAI entre as crianças de até 4 anos de idade. Entre as crianças de 5 a 9 anos e adolescentes de 10 a 19 anos, foram registrados outros 203 óbitos.

O estudo mostra que, na terceira idade, a taxa de internação pelas doenças relacionadas à falta de saneamento também foi elevada: 23,664 casos a cada dez mil idosos.

Crianças de até quatro anos e idosos correspondem a 43,5% do total de internações. A pesquisa ainda mostrou que pardos, amarelos e indígenas são os mais afetados.

Quais são as Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI)?

  • Doenças de transmissão feco-oral, como diarreias, salmonelose, cólera, amebíase, febre tifoide, hepatite A;
  • Doenças transmitidas por inseto vetor, como a dengue, febre amarela, malária, doença de chagas;
  • Doenças transmitidas através do contato com a água, como esquistossomose e leptospirose;
  • Doenças relacionadas com a higiene, como conjuntivite, dermatofitoses;
  • Geohelmintos e teníases, como ascaridíase, cisticercose.

Este conteúdo foi originalmente publicado em Universalização do saneamento básico economizaria R$ 50 mi por ano da Saúde no site CNN Brasil.

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