Tarifas de Trump impõe lei da selva ao comércio exterior, diz ex-embaixador

Ex-embaixador brasileiro em Washington e presidente do Instituto de Relações internacionais e Comércio Exterior, Rubens Barbosa aponta à CNN que as tarifas planejadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impõe a “lei da selva” ao comércio exterior.

Sua avaliação é de que a política comercial do republicano gerou uma incerteza sem precedentes no mundo, de modo que “essas medidas colocam fim no comércio exterior previsível”.


Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos
Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos • Reprodução/CNN Brasil

O ex-embaixador ressalta, sobretudo, a impotência da Organização Mundial do Comércio (OMC) perante a ofensiva do republicano.

Ele relembra que Trump irá sobretaxar seus parceiros comerciais em duas circunstâncias: àqueles países que aplicam tarifas elevadas aos produtos dos EUA e aos que têm barreiras contra os norte-americanos.

Barbosa pondera que o Brasil seria punido pelo segundo caso, devido a mecanismos antidumping, subsídios para negócios locais e restrições que a legislação brasileira possui.

“[São] medidas restritivas que [o Brasil] tem tomado de acordo com a OMC. Então é tudo feito legalmente, mas do ponto de vista do Trump, o que a OMC permitiu atrapalha o intercâmbio comercial com os Estados Unidos”, indica o ex-emabixador.

Nesta quarta-feira (2), é esperado que Trump anuncie uma série de tarifas recíprocas aos parceiros comerciais dos EUA. Em resposta, a União Europeia (UE) já sinalizou que planeja retaliar a medida.

Enquanto isso, no Brasil, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou um projeto de reciprocidade econômica para sobretaxar países que prejudiquem produtos brasileiros.

O problema apontado por Rubens Barbosa é que Trump tem prometido aumentar ainda mais suas tarifas caso os países respondam com sobretaxas.

“Aí teríamos uma guerra comercial, e se Trump escalar para esse nível, aí sai da frente”, enfatiza o ex-embaixador, apontando que todos os lados seriam prejudicados por uma potencial desaceleração econômica, como já foi observado em outros momentos da história.

Para Barbosa, porém, o momento ainda é de esperar, uma vez que a imprevisibilidade é grande sobre o que pode ser anunciado e os efeitos possíveis disso.

Ademais, sua avaliação é de que uma resposta do Brasil ainda dependeria de como parceiros como a China e a Europa reagiriam.

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