Consultorias do Congresso veem incertezas em expectativas do governo para Orçamento de 2024

As consultorias de orçamento da Câmara dos Deputados e do Senado Federal veem incertezas em expectativas do governo federal para o projeto da Lei Orçamentária Anual de 2024 (PLOA).

O texto será analisado de início na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, sob a relatoria do deputado federal Luiz Carlos Motta (PL-SP).

O documento com as considerações conjuntas das equipes técnicas da Câmara e do Senado para subsidiar a análise da proposta do governo para o orçamento de 2024 foi divulgado nesta quarta-feira (4).

Leia Mais

STF decide que gestante em cargo público comissionado tem direito à licença-maternidade

Com três ministérios cada, União Brasil e MDB travam PL das offshores

Maior emissor de gases, agro é poupado de mercado de carbono; especialista vê mérito em decisão

Uma das principais metas do governo do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é zerar o déficit primário em 2024. Para isso, a perspectiva é que o governo precisará de arrecadar pelo menos R$ 168 bilhões a mais.

O documento das consultorias do Congresso afirma que parte das receitas esperadas está condicionada à aprovação de uma série de proposições legislativas, que totalizam R$ 168,5 bilhões (1,5% do PIB).

Desse montante, diz, R$ 97,9 bilhões se referem à recuperação de créditos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), cujo projeto de lei foi aprovado e deu origem a uma lei.

No entanto, o documento ressalta que outros projetos ainda dependem de aprovação, sendo que alguns estão em “estágio inicial de discussão no Parlamento”.

“Portanto, a efetiva realização de tais receitas pode ficar aquém do esperado”, dizem os técnicos do Congresso.

Eles citam, por exemplo, as seguintes matérias:

PL 3.626/2023, que trata da taxação de apostas esportivas — aprovado na Câmara e à espera de análise no Senado;
MP 1.185/2023, que trata de crédito fiscal decorrente de subvenção para a implantação ou a expansão de empreendimento econômico;
MP 1.184/2023, que trata da tributação de aplicações em fundos de investimento fechados;
PL 4.258/2023, que trata da revogação da dedutibilidade dos Juros sobre Capital Próprio (JCP);
PL 4.173/2023, que trata da tributação de aplicações no exterior, também chamado de offshore.

A base governista tentou votar e aprovar esse último projeto no plenário da Câmara dos Deputados nesta quarta. Contudo, sem acordo, não houve votação e agora o texto só deve ser analisado a partir do dia 24.

“Ressalte-se que a metodologia utilizada pelo Poder Executivo para estimar cada uma dessas novas receitas não foi apresentada no PLOA, remanescendo dúvidas quanto à real capacidade arrecadatória das mencionadas inovações legislativas.”

O documento das consultorias também afirma que “a expectativa otimista de crescimento econômico em 2024 (projeção de 2,3% constante da proposta, frente a 1,5% estimado pelo Boletim Focus de 15/9/20239) pode se frustrar, produzindo efeitos negativos sobre a receita esperada”.

Outros pontos levantados são que “o efeito da renúncia fiscal referente à desoneração da folha de pagamento não foi considerado na arrecadação estimada no PLOA 2024” e que “os benefícios previdenciários possivelmente estão subestimados”.

Acrescenta, ainda, que “a eventual revisão geral da remuneração dos servidores públicos ou a adoção de novas reestruturações de planos de cargos e salários em 2024 demandaria cortes em dotações consignadas às programações do PLOA 2024”.

Veja também: Ibovespa recua com investidores de olho nos EUA

Este conteúdo foi originalmente publicado em Consultorias do Congresso veem incertezas em expectativas do governo para Orçamento de 2024 no site CNN Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.